Guta Alonso herdou a fazenda e a paixão do pai e trabalha para fazer do negócio uma grife
Augusta Alonso, a Guta, criadora de nelore da linhagem Lemgruber, além de ser uma mulher em um meio dominado por homens, é uma jovem veterinária com doutorado, não tem fazenda na “capital do zebu”, mas em Dois Irmãos do Buriti (MS), e investe na seleção de gado totalmente a pasto.
A profissional foi um dos destaques entre os expositores de animais nos pavilhões na Expogenética, realizada entre 19 e 27 de agosto, em Uberaba (MG). Guta conta que o pai, Ricardo Alonso, começou na pecuária comercial de cria, recria e engorda em 1979, no norte de Minas.
Por enfrentar muitas dificuldades devido ao clima, procurou uma linhagem que melhor se adaptasse à região e encontrou em um lote da linhagem Lemgruber os resultados que esperava para gado de corte. E, em 1997, Ricardo fez uma parceria com a Mundo Novo e começou a seleção a pasto do Lemgruber.
Em 2003, a família se mudou para o Tocantins, onde se dedicou ao gado PO e comercial por 11 anos. Em 2014, Ricardo comprou uma propriedade menor, de 1.400 hectares, no Mato Grosso do Sul, para focar no trabalho de melhoramento genético, mas morreu um ano depois repentinamente, aos 59 anos.
Eu me formei em veterinária, acompanhava de perto as atividades do meu pai, mas meu foco sempre foram os cavalos, tanto que me especializei em reprodução equina. Quando meu pai morreu, assumi a fazenda Elge e a paixão dele pelo Lemgruber e decidi reposicionar o negócio no mercado, seguindo o que ele fazia, mas investindo em marketing para dar mais visibilidade à marca e tornar a Elge uma grife.
— Guta Alonso, pecuarista
A pecuarista de 42 anos diz que sua opção está se mostrando bem rentável. Em junho, ela realizou mais um leilão na fazenda, vendeu pela primeira vez 34 fêmeas e também cem reprodutores avaliados pelo Programa Embrapa/Geneplus e pelo PMGZ, da ABCZ. No total, o leilão arrecadou mais de R$ 3,2 milhões.
Muitos compradores, ela conta, eram de criatórios famosos, como o Genética Aditiva e o Camparino, o que atesta a qualidade do rebanho de linhagem fechada, formado por animais rústicos, dóceis, bem adaptados, que têm baixo peso ao nascer, mais acabamento de carcaça e muita habilidade materna.
“Nossa filosofia é selecionar gado a pasto para que nossos clientes comprem animais bem adaptados ao clima e à realidade brasileira”, destaca.
O astro do plantel da Elge é o touro Atol, reprodutor que já vendeu mais de 115 mil doses de sêmen, segundo Guta, que também é dona da central de reprodução equina Raama, em Piracaia, e se divide entre a cidade do interior paulista, a capital São Paulo e a fazenda no Mato Grosso do Sul.
Também cuida da filha de 8 anos Maria Luiza, que sempre a acompanha na fazenda, e ainda faz hobby como fotógrafa.
Fonte: Globo Rural